Hoje é 31 de março. Nessa mesma data, em 1964, acontecia o Golpe que levou a um dos períodos mais sangrentos da história contemporânea. Com o apoio da burguesia e de setores mais conservadores da Igreja Católica, marcharam pela deposição do presidente eleito João Goulart, sob o discurso da ameaça comunista, o que não correspondia aos fatos, uma vez que não havia condição histórica para um processo revolucionário.

Temos que chamar a atenção para fenômenos que ocorrem e se repetem antes da instauração de uma ditadura: um deles é a propagação de um discurso, sempre moralista, anticomunista, por Deus e contra corrupção, até que se consiga a hegemonia da massa e construa as condições para instaurar um Estado autoritário. Esse fato assistimos em 2016, quando houve a queda da presidenta Dilma Rousseff e a consolidação da maior fraude processual da história, que culminou na prisão do ex-presidente Lula e, posteriormente, na eleição do Bolsonaro e no desastre em que vivemos, agora.

 

A ditadura durou 20 anos: matou, prendeu e torturou milhares de homens, mulheres, jovens e até crianças. Foi um governo corrupto e fortemente beligerante, sob a égide das orientações da inteligência estadunidense, uma vez que a CIA colaborou com a vitória do Golpe de 64.

 

Elogios à ditadura e homenagens a assassinos e torturadores, como o coronel Ustra, têm sido recorrentes. O atual presidente sempre os fez de forma descarada. Sob a sombra da imunidade parlamentar, faz apologia e defesa desses crimes que ocorreram à época.

 

Movimentos sociais eram exterminados e perseguidos. Podemos, por exemplo, entender que, na data de hoje, que também marca o Dia Internacional da Visibilidade Trans, seria impossível qualquer ato, tendo em vista o caráter conservador e patriarcal dos golpistas. Desta forma, precisamos estar atentos e resistir a menor possibilidade de a história se repetir como tragédia.

 

O Estado já implementa um projeto de necropolítica (poder de ditar quem pode viver e quem deve morrer), por meio do qual milhares de jovens, em sua maioria negros, são assassinados nas periferias de todas as cidades. Esse governo tem estimulado e facilitado o acesso a armas de fogo, sob o discurso da proteção, quando, verdadeiramente, sabemos que a intenção é a guerra aos pobres, aos movimentos sociais e aos setores progressistas.

 

Assim, devemos repudiar e resistir ao avanço dessas forças, já não mais tão ocultas. Basta observar a extrema militarização do governo Bolsonaro, o ataque às minorias – como LGBTQIA+, população negra, mulheres, indígenas, sem-teto e sem-terra –, os crimes no campo e na cidade, cometidos por pistoleiros, e a invasão e o roubo de terras demarcadas. Sem falar dos ataques a instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF); e da luta pela democracia, que deve seguir com eleições livres a fim de garantir o pleno direito à voz, sem censura ou mordaça.

 

Juntos somos mais fortes!
Não passarão!
Ditadura nunca mais!

 

Texto: Odair Dias Filho, diretor técnico do Instituto Adesaf