Casa cheia. Mais de 80 pessoas participaram da Audiência Popular Cannabis para Fins Terapêuticos: Realidade à Espera da Lei, realizada em São Vicente, na terça-feira (25), pelo Instituto Adesaf (Articulação de Tecnologias Sociais e Ações Formativas). “Cannabis e Saúde” e “Proibicionismo e Guerra às Drogas” foram os principais temas debatidos.

“A atividade foi um sucesso. Tivemos uma plateia muito atenta e participativa, formada por pacientes, familiares, sociedade civil organizada e os melhores especialistas no assunto, que puderam compartilhar informações importantes sobre essa planta, que, conforme as últimas pesquisas comprovam, é uma grande aliada no tratamento de muitas doenças, transtornos e distúrbios. Precisamos vencer o preconceito e desmistificar essa pauta”, explica a diretora-presidente do Instituto Adesaf, Fernanda Gouveia.

No local, os presentes também puderam prestigiar uma exposição com quadros pintados por ex-beneficiários do De Braços Abertos, iniciativa que foi gerenciada pelo Instituto Adesaf no âmbito do Trabalho, entre 2014 e 2018. Esse programa municipal ofereceu moradia digna, alimentação balanceada, trabalho remunerado e formação cidadã a pessoas em situação de rua na região conhecida como Cracolândia (SP), que faziam uso problemático de substâncias psicoativas.

Ao final da audiência, foi lançado o Curso Livre de Medicina Canabinoide, que será ministrado em parceria com a Koba. As inscrições gratuitas já estão abertas. As aulas on-line começam em novembro.

O evento contou com o apoio da Plataforma Brasileira de Política de Drogas; da Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Cultura; e da Koba. E reuniu grandes palestrantes sobre o tema: Luciana Surjus, mestra e doutora em Saúde Coletiva e professora do Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva da Unifesp; Renato Filev, doutor em Neurologia/Neurociências, pós-doutorando no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Unifesp e coordenador científico da Plataforma Brasileira de Política de Drogas.

Também participaram Flávio Falcone, psiquiatra formado pelo Instituto de Psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP), atualmente integra a equipe do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo (Proad-Unifesp). Idealizador do Projeto Teto, Trampo e Tratamento, na Cracolândia, em SP, onde também atua como palhaço; Jade Mourão, tecnóloga ambiental, mestra em Meio Ambiente e Inovação pela Unicamp, educadora e consultora canábica; e Gabrielle Dainezi, especializada em Políticas Públicas e Sociais, mestranda em Etnofarmacologia pela Unifesp, presidente do Conselho Fiscal do Instituto Padre Ticão e coordenadora do Curso de Extensão em Cannabis Medicinal da Unifesp e do Movimento pela Regulamentação da Cannabis Medicinal (Movrecam); e Laureci Dias, redutora de danos, presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad) de Santos e coordenadora, na Baixada Santista, do Movimento Nacional de Luta e Defesa da População em Situação de Rua.

Entre as autoridades e personalidades, compareceram à audiência popular o deputado estadual Caio França; a secretária de Cultura de São Vicente, Elizângela Bafini; o secretário-adjunto de Emprego, Trabalho e Renda de São Vicente, Rafael Lira; o ex-vereador de Santos, Lipe Albino; a diretora nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Kelli Mafot; o diretor do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, Waldir Santos; e a representante do Rotary Club São Vicente, Regina do Carmo.