A Associação de Desenvolvimento Econômico e Social às Famílias atuou, durante quase 4 anos, no De Braços Abertos (DBA), na região conhecida como Cracolândia, em São Paulo (SP). O programa, voltado a pessoas em situação de rua que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas, oferecia moradia digna, alimentação balanceada, qualificação profissional, formação cidadã e frentes de trabalhos para os beneficiários (como eram chamadas as pessoas que estavam inseridas no DBA. Tudo isso por meio da política de Redução de Danos. A iniciativa foi encerrada, mesmo com resultados comprovados, em março de 2018, pelo então prefeito João Doria. Mas, o que é Redução de Danos?
No Brasil, essa estratégia de saúde pública, cuja eficiência é comprovada e reconhecida internacionalmente, surgiu em Santos, em 1989, durante o período em que Telma de Souza era prefeita. O município tinha um dos maiores índices de AIDS do País, devido à contaminação por meio de seringas. A medida encontrada pela gestão, à época, foi distribuir seringas esterilizadas para que não houvesse mais o compartilhamento do material, que é de uso descartável.
Até hoje, por principal falta de entendimento, o modelo é criticado por parcela da sociedade. A pessoa em situação de rua, que faz uso abusivo de substâncias psicoativas, precisa ter um cardápio, opções de tratamento, conforme o perfil de cada uma. A Redução de Danos mostra-se bastante eficaz, pois respeita essa singularidade, e não exige abstinência. Esse processo acontece gradativamente, enquanto ocorre o empoderamento e a emancipação social dessas pessoas. A internação em comunidades terapêuticas também tem de fazer parte desse leque, como outras alternativas. O mais importante é que a escolha pelo tratamento adequado aconteça, sempre, pelo próprio indivíduo.
Adesaf na Redução de Danos
Graças a essa experiência acumulada na Capital, a Adesaf, que tem sede em São Vicente (SP), defende a elaboração de um plano metropolitano, integrado da política pública de Redução de Danos na Baixada Santista, voltada a este mesmo público.
Por isso, desde 2017, da entidade desenvolve Grupos de Trabalho (GTs) com cada uma das nove cidades da Região. Esses encontros reúnem técnicos e gestores de diferentes pastas, como Assistência Social, Saúde, Segurança, Trabalho, Habitação e Esportes.
Em novembro do ano passado, a Adesaf realizou um seminário regional, na Universidade Católica de Santos, em parceria com o curso de Psicologia. O objetivo foi fomentar a discussão sobre o tema de forma conjunta, observando cada particularidade municipal. E, assim, pensar em um plano estratégico. O primeiro passo foi dado.
Em 2018, os GTs continuam. E mais um grande evento metropolitano vem sendo planejado pela Adesaf.
Confira depoimentos de ex-beneficiários do De Braços Abertos.